Belarmino, o boxeur

A descendência de Mão Morta terá de ser fabricada algures nas profundezas do Rio Styx. O fenómeno está por acontecer se se provar que é possível negar a imortalidade a Adolfo Luxúria Canibal e aos Mão Morta. Acredito que não. Mas, e se a descendência ainda não surgiu, podemos falar de quem se deixa influenciar sem se sujeitar à cópia barata. Linda Martini mostraram algum mérito ao início. Agora estão a voltar, segundo álbum on the making. E a primeira amostra é Belarmino.

Belarmino Fragoso é um Tarzan Taborda do seu tempo. Vadio de espírito; de corpo esculpido ao ritmo de pancadas suadas. Belarmino é personagem de vida real, homem demasiado honesto para se acreditar que existiu e que a sua história foi um dia contada. Belarmino foi também título de um filme de Fernando Lopes, de 1964, e é tratado como um dos primeiros da nouvlelle vague em Portugal. A França teve nouvelle vague, aceitamos essa afirmação de carácter histórico. Portugal teve vagas, umas mais novas do que outras. Estamos ainda por sentir que as nossas sobreviveram à bruta marginalidade. Mas o assunto é, ainda, Linda Martini e Belarmino. E Lisboa por Lisboa nunca se desencontra destes momentos.

O filme de 1964 sobre o boxeur, esse, nunca o vi. Um dia vou ver, é certo. Hoje não temos os Mão Morta. Temos outra banda que merece que se diga o seu nome. Hoje temos Linda Martini, o seu single, a sua Lisboa e o seu boxeur.

Belarmino:

Belarmino

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