sexta-feira, 12 de março de 2010

Inês, a parisiense

Ler a Inês de Medeiros na entrevista que saiu ontem na Sábado é meio caminho andado para desconfiar do estado a que a política e a cultura portuguesa chegaram: oco. Que é mais ou menos como tem sido a carreira dela de actriz no cinema nos últimos dez anos: não há.

O Cinema português precisava de uma séria dose de independência, precisava de viver longe do ICA para não corrermos o risco de passar a funcionar como a política "dura". Há 20 anos atrás a actriz trabalhou com Pedro Costa. 20 anos depois, Pedro Costa tem direito a exposição no Tate Modern, passa na cinemateca francesa, entra em listas de filmes da década de revistas como a Cahiers e a New Yorker. Não se pedia que Inês fosse um décimo de Pedro Costa - ou sequer metade da irmã, a sweet lady de Pulp Fiction. O que interessa é o seguinte, e a injusta comparação com Pedro Costa serve precisamente para isso. Ele é o que se pode chamar de herói independente. Ela anda há seis meses no parlamento, com viagens a Paris pagas pelo Estado (e ter direito a elas não quer dizer que haja moral na coisa). Em todo esse tempo fez uma participação no Parlamento. Uma.

Agora é que a cultura portuguesa está bem defendida.

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