sexta-feira, 19 de março de 2010
Crítica: Against the Day
Não foi de propósito começar as críticas a livros aqui no Lissen'Up! com este colosso - no literal sentido da palavra, com mais de mil páginas em letra miudinha - de obra. Against The Day é a minha primeira incursão no mundo de Pynchon. E, depois de ter ouvido falar da sua história pela primeira vez, demasiado juicy para ser verdade - o escritor desconhecido cujas últimas fotos conhecidas datam há mais de 50 anos, em que Pynchon aparece com um uniforme de marinheiro, que recusou todos os grandes prémios literários que recebeu (à excepção de um) recusando-se também a comparecer nas respectivas cerimónias, e com fama de ser um dos maiores escritores do século XX - a curiosidade tomou conta do Capitão Ganso. Tinha, assim, de arranjar o novo livro de Pynchon, inédito, vinte anos depois de silêncio, com rumores a correr que se tornaria rapidamente uma obra-prima da literatura norte-americana.
E que porra de livro este Against The Day é. De forma muito singela, conta a história de uma família - e de um grupo de rapazes marinheiros do céu - e suas ramificações com outras personagens secundárias desde os tempos da Feira Mundial de Chicago no fim do século XIX até ao início da Primeira Guerra Mundial. Temos cientistas obcecados por Tesla, cameos de Bela Lugosi e Groucho Marx, um detective que emigra para londres, um spinoff do Billie The Kid mas com dinamite, vectoristas, a reaparição de uma famosa matemática russa que consegue atravessar paredes, explosões de Luz, o incidente de Tunguska, bombas de luz, navios voadores e incursões ao México. E afogamentos em maionese.
A puta do livro é genial. O plot central, como já foi dito, conta a história de uma família - os Traverse. Não quero contar nada para não mandar para o ar os temidos spoilers. Mas é claro que milhares de outras coisas acontecem no livro, que não se preocupa muito em seguir um fio de narrativa. É escrita descontraída de quem não tem nada a provar e que confortavelmente nos rebenta com os neurónios com página atrás de página atrás de página. E um gajo parte-se a rir também. O homem tem piada. Li-o devagar, durante uns 8 ou 9 meses, sem pressas, e desde o primeiro capítulo percebi que estava perante algo de verdadeiramente novo que nunca tinha lido. É um livro vasto, em todos os sentidos da palavra, com descrições e diálogos inventivos e magistrais. É bom pa caralho, e não é somente "bom", é uma obra superior e isso basta. É algo ímpar e algo ímpar não tem comparação possível.
Dei-o ao Xiribi para ler mas ainda não teve tomates. Não sei se é do tamanho se é do inglês denso - o forte dele é mais o urdu - mas este é dos maiores livros até hoje escritos do século XXI. Bar none. E merece, tal como Pynchon, ser descoberto. E apreciado. E nada esperar dele a não ser o que ele nos dá. Prometo: será mais do que suficiente.
435654 canetas papermate visupoint em 435679 canetas papermate visupoint possíveis. Ao fim e ao cabo nenhum livro é perfeito.
E uma baba de camelo para a mesa 3 como bónus.
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