quarta-feira, 17 de março de 2010

Crítica: Alice

Fui ver o Alice por amor. A namorada queria ver só para ver se era "mesmo mau" ou até era bom. Acho que ela estava a mentir, como quando quis que eu fosse ver o Harry Potter com ela. Não há cá merdas. Não me apanhou no Harry Potter. Mas a este, ao Alice, tive de ir porque: Me convidaram para uma sessão de cinema em grupo (nunca percebi muito bem isso porque as únicas sessões de cinema em grupo que se faziam com amigos eram no oitavo e nono ano para curtir com as miúdas da nossa turma que nos dias seguintes nos tratavam como se nada se tivesse passado, tudo fixe), e porque estava preso por uma profecia que eu próprio tinha feito, mal vira o trailer ao filme há quase um ano atrás. "Esta merda vai ser banhada" - Capitão Ganso Dixit.

O problema é que estava disposto a ver concretizada esta profecia à distância, mas a namorada não deixou. Enfim, nos meses imediatamente antes fui um bocado anal com o Xiribi e o Papo Seco em relação a este assunto. "não se esqueçam: eu vaticinei!" "vão ver o Alice? Vai ser uma merda, como eu previ". "Ai Avril Lavigne para banda sonora? A minha profecia começa a ganhar forma,", etc.
Agora que penso nisso, deve ter sido para me castigarem que me convidaram para ir com eles ver a película.

But enough Jibba-jabba. Grande merda, o Alice! Assim muita mauzinho como estava à espera. O Johnny Depp estava maquilhado à pita emo de 16 anos que ouve Paramore e My Chemical Romance. A Alice era, tipo, uma gaja qualquer que passa o filme todo a irritar-nos e a parar a merda do filme com "esta merda não é real, eu estou a dormir". Epá TÁ BEM, ó Alice, foda-se, quero lá saber, tás aí metida no meio dessa merda, não tás? Então cala-te e tipo, faz a puta da história andar pá frente! A rainha branca é uma hippie beta toda de branco mas com sobrancelhas pretas - algo que, admito, não reparei, mas a minha namorada fez questão em notar várias vezes ao longo do filme, facto que lhe causou grande irritação. Eu concordo. Ainda por cima é a rainha. Branca. Além de mexer as mãos em floreados every. Fucking. Time. É a Ann Hathway, já agora. Nunca a vi tão pouco tesuda como aqui. Até isso o Tim Burton lixou.

Anyways. O filme passa-se tipo 13 anos depois do livro original. Nos primeiros 5 minutos são ditas as frases todas estúpidas a martelo que um gajo sabe que vão ser repetidas já bem perto do final com um significado completamente diferente e muito mais importante (antes do pequeno almoço ás vezes já pensei em 6 coisas impossíveis! - Também eu. Nomeadamente: Como é que me levantei outra vez da cama, sou feio, sou gordo, amo a minha vida, e se um tachyon viajar com uma velocidade superior à da luz poderemos medir o rasto deixado pela sua progressão a azul depois de ter passado pelo ponto X e calcular, com base no nível de decadência do espectro azul para o vermelho, a sua velocidade original? Merda, são só 5 coisas! ganhaste desta vez, Alice!). E também é nos primeiros cinco minutos que metade da plateia do cinema tira os óculos para ver melhor e percebe: esta merda em 3-d é muita escura! Que barrete.

Ok, para apressar a coisa: a Alice é uma seca demasiado pálida, demasiado burra, demasiado má actriz e é atirada para Wonderland (Ou será Underland?). Têm que meter o Depp ao barulho porque, pronto, alguém tem de saber actuar e - há não espera, ele aqui também não faz grande papel uma vez que não captura nem de perto nem de longe a essência do chapeleiro louco, é-nos prometida uma dança imbecil lá para o fim do filme, cut to! Helena Carter, a rainha vermelha, que sozinha quase nos consegue tirar do sofrimento atroz em que, agora, já nos encontramos, voltamos à Alice, volta tudo a ser uma merda, os ambientes "góticos" do Tim Burton aqui é um CGI que, para mim, sabe sempre a falso, com muito escuro do 3-d, e quando começam os flashbacks de uma guerra mais um dragão qualquer de merda e a rainha branca entra em cena descamba tudo e o filme torna-se, oficialmente, uma merda. Com a cereja no topo do bolo, que - surpresa! - é a dança imbecil que o filme nos tinha prometido.

O meu conselho? Vão ver. Se gostam de ser pretensiosos, dar dinheiro a pessoas que não merecem (o cinema português! as grandes empresas! o tim burton! estou confuso), e de serem torturados durante uma hora e noventa minutos, com dez minutos de um anúncio da Superbock a narrar um fim-de-semana perfeito em que a malta que lá aparece é muito mais gira e interessante que a malta que conhecemos. E onde não existem gordos.
Pensando bem, se calhar até foi o melhor do filme.

VEREDICTO:
1 Jabberwocky. Em seis. A Helena Carter salva o filme da bola preta.

2 comentários:

S. disse...

foi um vaticínio em cheio. tás numa boa maré. o que faz disto uma boa altura pa jogar no euromilhões.

Ah e as sobrancelhas pretas da senhora tinham de ser comentadas. Não só porque eram tenebrosas, mas porque algo tinha que deviar a minha mente do gigantesco I TOLD YOU SO que eu ia ouvir à saída do filme.

Capitão Ganso disse...

senhoras e senhores, a minha namorada.